sábado, 28 de junho de 2014

O Paradigma da Imagem

As imagens dominam  nosso cotidiano e a comunicação contemporânea está totalmente alicerçada na grande produção de imagens. Porém, nem sempre as imagens tiveram esse “poder”.  No século XX toda a realidade produzida pela Física partiu da leitura de imagens.A elaboração de experiências, cujo fundamento estava na leitura da imagem, possibilitou a revolução teórica mais profunda da realidade física e influencio nos resultados de trabalhos como: a relativização do espaço e do tempo (relatividade de Einstein) e o princípio de indeterminação de Heisenberg (caso da radiação do corpo negro).

A invasão da imagem em todas as atividades humanas foi consequência das tecnologias desenvolvidas e utilizadas nos estudos da Física desde o início do século XX. Nesse sentido, a imagem constitui-se no paradigma mais significativo para o desenvolvimento do conhecimento nesse século.

De maneira oposta a condição atual, as imagens já foram proibidas e perseguidas pelas religiões, pois estas concebiam as imagens como pressuposto de uma ambiguidade.

Porém, se as imagens não eram capazes de objetivar a comunicação, por outro lado tinham um outro mais  interessante, o de inspirar mudanças. Foi a imagem artística que introduziu o pensamento mensurável dos espaços e com ele uma revolução de valores. A imagem não só instrumentalizou o conhecimento, como também teve e tem um papel estruturante do próprio conhecimento.

Vivemos em uma época em que o consumo tecnológico é irreversível, essa é a era da imagem. Como diz Luiz Felippe Perret Serpa:"Hoje devemos ver a imagem não como a representação da realidade mas como a própria realidade." Para Serpa a fotografia é a própria realidade que compõe a nossa vida pois ela constitui-se no fator estruturante da mesma realidade.


SERPA, Felippe. A imagem como paradigma. in SERPA Felipe
Rascunho digital: Diálogos com Felippe Serpa: Edufba, 2004, p. 129.